Muito se fala da importância de desenvolver uma cultura de retorno aos colaboradores, mas muitos gestores ainda não sabem ao certo como estruturar um feedback eficaz, que realmente mostre efeitos na produtividade dos profissionais.
É intrigante como o feedback pode ter um comportamento tão oposto em contextos diferentes de nossas vidas.
Naturalmente temos um ímpeto a opinar sobre nossas impressões pessoais sobre algo ou alguém, principalmente nos dias de hoje, em tempos de redes sociais.
Comentar nossa opinião pessoal sobre um restaurante em um blog de turismo, ou criticar as roupas de uma modelo no Instagram, são hábitos tão banais que muitas pessoas fazem sem pensar duas vezes sobre quais impactos podem gerar.
Por outro lado, no ambiente de trabalho, falar sobre o desempenho de um colaborador é algo que causa tensão, nervosismo, medo da rejeição, ansiedade e diversos outros sentimentos negativos.
É ainda um tabu muito forte para algumas empresas. Mas como se livrar dele? Como garantir um feedback eficaz que não tenha efeitos reversos?
Isso é o que vamos te mostrar neste artigo. Ao final desta leitura, você terá em mãos as ferramentas necessárias para colocar em prática um feedback eficaz e produtivo.
Importância do feedback
O feedback eficaz é uma verdadeira arte. Afinal, estamos falando de seres humanos, e é natural que criemos expectativas o tempo todo.
Por isso o feedback pode ser tão frustrante. Muitos profissionais chegam a esse momento com a certeza de que serão promovidos e acabam se frustrando.
Outros são pouco confiantes e excessivamente ansiosos, chegando a suar frio só de se imaginar sendo avaliado pelo seu gestor.
Mas não adianta fugir dessa conversa.
Seja um feedback de incentivo, em que o gestor demonstre apoio ao comportamento atual do colaborador e o estimule a se desenvolver ainda mais; seja o feedback corretivo, que sugira melhorias em aspectos relevantes; ambos são essenciais.
O feedback eficaz mantém o engajamento da equipe, o alinhamento com a cultura organizacional, a satisfação e a produtividade de forma geral.
Boas práticas para um feedback eficaz
Será que você está dando um feedback eficaz? Será que você não deu a um profissional competente a sensação de que não é bom o suficiente? Ou, não deixou claro o bastante para aquele colaborador mais relaxado de que ele deve mudar sua postura imediatamente?
Passar a mensagem errada pode provocar ações desastrosas.
Portanto, fique ligado nas dicas a seguir e saiba como dominar a arte do feedback eficaz, tendo em mente que tudo é uma questão de prática e que você pode ir melhorando com o tempo.
1. Escolha o momento certo
O feedback eficaz com certeza não acontece após uma reunião cheia de discussões, crise dentro da empresa ou qualquer outro problema interno que desestabilize as emoções dos profissionais ali dentro.
É preciso que o gestor considere o momento certo em que tanto ele, quanto aqueles que serão avaliados, estejam com a mente abertamente saudável para receber a informação sem que haja uma distorção por emoções acaloradas.
O feedback eficaz começa com o líder que sabe identificar o feeling do momento ideal.
2. Planejar é essencial
Um feedback eficaz segue um planejamento que permite até ensaios, inclusive. Não é exagero algum.
É preciso preparar o que vai ser dito pensando nas palavras certas e na forma como elas serão ditas, evitando interpretações ambíguas e problemáticas.
Os comentários devem ser claros para que o colaborador identifique se está no caminho certo ou se deve mudar seu comportamento.
Pense sobre o objetivo da reunião e quais os passos serão dados para atingir aquele ponto. Seja direto e evite conselhos amplos e vagos, que dão voltas e voltas e, no fim, não transmitem coisa alguma.
3. Exemplos são uma ótima pedida
No item anterior mostramos que um feedback eficaz é livre de ideias vagas e pouco compreensíveis. Não há nada melhor do que exemplos para ajudar a especificar situações e contextualizar melhor uma ideia.
Levantar exemplos de ações positivas do profissional avaliado é uma forma de fazer com que ele visualize o que se espera dele. O gestor pode citar comportamentos específicos, como uma sugestão dada pelo colaborador em determinada reunião, ou o desempenho dele em um projeto em especial.
Da mesma forma, isso vale para feedbacks corretivos, em que o gestor aponta, por exemplo, que notou que o colaborador chegou atrasado em determinado dia ou que não se manifestou em determinada reunião.
Lembre-se de focar em exemplos vivenciados por você como gestor e não por informações de terceiros, que podem ser boatos. Incentivar fofocas dentro da empresa apenas compromete a confiança no ambiente interno.
4. Faça críticas construtivas
Um feedback eficaz é baseado em críticas construtivas. Mas você sabe o que realmente é isso?
Muitas pessoas utilizam esse conceito como desculpa para se colocarem no direito de expressarem o que pensam.
Para gestores, entender esse ponto é importante para não criar uma postura defensiva em seus colaboradores.
Uma crítica construtiva é aquela que foca no que pode ser mudado, ou seja, em perspectivas futuras. Por isso, evite criticar ações passadas de seus profissionais, apontando algo que foi errado, por exemplo.
Ao invés disso, sugira a ele que ao invés de fazer X, ele pode fazer Y, tendo assim resultados mais positivos.
Daniel Goleman, especialista em inteligência emocional, aponta que críticas vazias sobre algo que não pode ser mudado dificulta a evolução do indivíduo, um resultado oposto ao que se espera de um feedback eficaz.
5. Faça do feedback uma conversa natural
O feedback que só acontece uma vez por ano acaba se transformando em um evento cheio de expectativas e que, como vimos anteriormente, tem grandes chances de se tornar uma enorme frustração.
É claro que nem tudo que acontece na rotina da empresa demanda esse tipo de conversa, mas o feedback eficaz demanda investir em certa regularidade, que faz com que os profissionais se sintam acolhidos e abertos ao processo, lidando com ele mais naturalmente.
6. Escolha o ambiente ideal
É preciso ter muito cuidado com o ambiente escolhido para a conversa. Não deve ser, por exemplo, um lugar com muita movimentação, barulho e propenso a interrupções.
Pode ser uma sala mais privada, uma varanda, café ou lanchonete próxima, depende do estilo de cada gestor.
Um feedback eficaz é aquele que considera um ambiente tranquilo o suficiente para falar e, principalmente, que não exponha de forma alguma o colaborador em relação à seus colegas de equipe.
7. Não é só falar, mas ouvir também
Um feedback eficaz é aquele que, acima de tudo, tem um colaborador aberto e tranquilo.
Uma das ações que possibilita esse estado de espírito é proporcionar uma conversa bilateral, onde o profissional também possa contar sua versão da história e exprimir o que pensa das ações de seu avaliador.
8. Foque nas ações e não em rótulos
Um erro muito grave que prejudica o feedback eficaz é rotular o profissional. Sentenças como “você é X” não são bem-vindas, pois dão a entender que o problema é com o indivíduo em si e não com o que ele faz.
Novamente, os exemplos são importantes para indicar ações específicas que foram positivas ou negativas, e as críticas construtivas servem para projetar os caminhos que podem ser seguidor dali em diante.
Estas foram dicas preciosas para estruturar seu feedback eficaz. Comece a praticar e monitore os resultados. Para saber mais sobre como melhorar essa técnica, confira também nosso conteúdo sobre os novos modelos de gestão de desempenho.