Há pouco mais de dois anos percebi que todo conhecimento que acumulei sobre Comunicação Interna, já não valia mais. Quase tudo mudou. Manter-me à vanguarda demandaria uma reinvenção. Mas veja bem, “quase” tudo mudou. Ainda que as formas de comunicação com colaboradores sejam diferentes, certas dificuldades permanecem as mesmas.
A popularização das redes sociais internas cria o ambiente virtual necessário para transformarmos definitivamente a comunicação corporativa, porém, a maioria das empresas ainda não aprendeu a usá-las do jeito certo. O erro mais comum: implantação como ‘mais’ um canal interno, quando deveria ser ‘o’ canal. Segundo: comunicar apenas o conceito de “rede social”, esquecendo as dimensões do trabalho colaborativo, gestão do conhecimento e alinhamento estratégico – fatores fundamentais para o sucesso. Estas funções são as verdadeiras transformadoras, que quando não desenvolvidas, mantém as pessoas dependentes dos e-mails, como nas últimas décadas. Ou seja, se não levarmos também o trabalho para a rede, não criaremos necessidade de uso, e, portanto, não haverá transformação digital.
Resumidamente, estamos mais preocupados em conectar máquinas do que pessoas. E pessoas vem em primeiro lugar. Esse é o caminho. Entenda que o ambiente virtual deve ser uma extensão do ambiente real de uma empresa. Por exemplo, se o colaborador tiver medo de manifestar sua opinião ao próprio chefe, terá receio ainda maior de compartilhá-la com todos os colegas. Sendo assim, devemos trabalhar intensamente para mudar primeiro a comunicação offline, principalmente, através do gestores, pois o mais importante não é a comunicação da empresa para as pessoas, mas sim a comunicação na empresa entre as pessoas.
“o ambiente virtual deve ser uma extensão do ambiente real de uma empresa.”
Isso não mudou: a comunicação direta, face a face, por meio dos líderes, continua sendo a grande potência transformadora de uma companhia, afinal, não existe gestão sem comunicação. Desenvolver líderes comunicadores ainda é o principal desafio da Comunicação Interna, e a forma mais efetiva de resolver seus demais problemas, como por exemplo, fazer com que as pessoas se sintam ouvidas, provocar diálogos que tragam inovação, garantir que as pessoas tenham o propósito no coração e a estratégia na cabeça e, por fim, garantir um alto nível de confiabilidade dos colaboradores entre si e com a organização.
Implantar uma rede social corporativa representa um novo começo, apenas o primeiro passo de uma trajetória longa e trabalhosa, que deve começar não com a tecnologia, mas com a promoção de conexões reais, e cujo objetivo principal é elevar a confiança das pessoas. Empresas onde a confiança é maior, são menos burocratizadas, gastam menos dinheiro e energia em controles, eliminam redundâncias e, sobretudo, têm um mindset focado nos interesses coletivos em detrimento dos individuais, sendo muito mais propensas à colaboração. Elas ganham mais, porque perdem menos.
Por
Daniel Costa
Head de CSI & Marketing no BWG